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Situação política e econômica da Europa em 1914


Engana-se quem acredita que a Primeira Guerra Mundial ocorreu somente por causa do Assassinato de Sarajevo, que vitimou o arquiduque Francisco Fernando do Império Austro-Húngaro em 28 de junho de 1914. Uma série de fatores políticos e econômicos nas décadas anteriores moveram as nações para o grande conflito.

O contexto europeu pós revolução industrial


europa geopolítica em 1914Para começarmos a análise sobre a situação política e econômica da Europa antes da Primeira Guerra Mundial, é importante que contextualizemos o período histórico em que vivia o continente durante o início do século XIX. Com a revolução industrial, iniciada no século XVIII e consolidada no começo do século XIX, as potências europeias enfrentavam os desafios do progresso vertiginoso advindo do desenvolvimento das indústrias, que causava a expansão dos comércios e o aprimoramento dos métodos de produção de todos os produtos.

O processo de industrialização teve início no Reino Unido e em poucas décadas se espalhou pelo continente e pelo mundo, especialmente em países como Estados Unidos e Japão. Com o avanço da tecnologia possibilitado pela Revolução Industrial, os países europeus apresentaram um enorme crescimento econômico aos moldes da economia capitalista moderna, e passaram a construir em larga escala máquinas para serem utilizadas nos mais diversos tipos de fábricas. Ocorreu um enorme salto na produção de mercadorias e bens de consumo, incentivando ainda mais a economia dos países europeus.


O Imperialismo


Com o aumento da produção de mercadorias ocasionado pela expansão da revolução industrial, surgiu, evidentemente, a necessidade de que estas mercadorias fossem comercializadas, além da busca constante por matérias primas que pudessem originar novas mercadorias, em um ciclo de consumo que permanece neste mesmo modelo até hoje em nossa sociedade capitalista. 

Imperialismo europeu em 1914Os países europeus concentraram as suas visões, então, para os países africanos e asiáticos, estabelecendo um conceito de etnocentrismo, em que se consideravam superiores aos outros países e poderiam, com isso, dominá-los e explorá-los, assim como já haviam feito durante o período do colonialismo. 

Os principais países europeus que investiram na política expansionista imperialista foram: Reino Unido, França, Itália, Alemanha, Portugal, Espanha e Rússia. O imperialismo britânico dominou (com muitas guerras e violência) a África do Sul e a Índia no final do século XIX. A Espanha colonizou os territórios de Guiné Equatorial, Saara e o norte do atual Marrocos. Os italianos ficaram com a Líbia, a Eritreia e a Somália, enquanto a Alemanha colonizou as regiões de Togo, Camarões, Tanzânia, Ruanda, Burundi e Namíbia. Ou seja, os países do continente africano não tinham a menor autonomia, e todos estavam sob controle de países europeus no início do século XX.


A política de alianças


“Há na Europa duas grandes forças opostas e irreconciliáveis, duas grandes nações que procuram estender o seu campo de ação ao mundo inteiro (...). A Inglaterra, com o seu longo passado histórico de agressões coroadas de êxito e a Alemanha, que, embora com uma força de vontade menor, possui talvez uma inteligência mais viva, apresentando-se em concorrência em todos os pontos do globo”. (Artigo do Saturday Review, publicado em 11 de setembro de 1897).

De fato, os europeus dominavam o mundo. A Inglaterra e a Alemanha eram as duas principais potências e diferenciavam-se politicamente pelo regime democrático no país inglês e pelo regime autoritário empregado pelo Império Alemão. Com isso, os demais países europeus tendiam a apoiar um ou outro país, levando em consideração, evidentemente, os interesses de cada nação.

O Império Alemão era aliado ao Reino da Itália e ao Império Austro-Húngaro desde 1882, formando o que se chamava de Tríplice Aliança, que consistia em apoio mútuo entre os países para defenderem-se em possíveis guerras, além de, principalmente, tratar-se de uma barreira político-militar para isolar e enfraquecer a França, sendo que os alemães já haviam derrotado os franceses na Guerra Franco-Prussiana de 1877, fazendo com que o Império Alemão obtivesse a região de Alsácia-Lorena, rica em carvão e minério de ferro.

O Império Britânico, por sua vez, era aliado à França e à Rússia, no que foi chamado de Tríplice Entente. Na prática, as três nações uniram-se no ano de 1899 com a implementação de uma nova política mundial por parte do Kaiser Guilherme II da Alemanha, a fim de apoiarem-se militarmente no caso de eclosão de uma guerra.

Toda esta complexa política de alianças, que já se formava no continente europeu há muito tempo, relacionada à crescente corrida armamentista de todos os países e aos interesses de cada nação, só agravavam os ânimos na Europa e conduziam os impérios para um confronto iminente, que eclodiu por todo o continente com a morte do arquiduque do Império Austro-Húngaro em junho de 1914 e as exigências feitas pelo Império para o governo sérvio, dando início a Primeira Guerra Mundial.
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